Um adoçante natural, seguro e já aprovado para consumo: a nova e inesperada solução contra a calvície

O minoxidil tem um grande problema: é difícil atravessar as membranas biológicas A alopecia androgénica, mais conhecida como calvície masculina ou feminina, é uma das causas mais comuns de perda de cabelo em todo o mundo. O tratamento mais comum é o uso de minoxidil tópico, mas também não é um grande milagre, pois a sua eficácia é limitada por muitos fatores. Agora, um grupo de investigadores encontrou uma solução bastante inesperada nos adoçantes que usamos no dia a dia para tornar o tratamento mais eficaz.

O problema. Como dissemos, o minoxidil tópico pode ser afetado pelo simples facto de ter uma baixa solubilidade na água, o que torna muito difícil a sua penetração na pele. Isto faz com que seja necessário usar álcool como excipiente no tratamento, o que gera outros efeitos secundários, como, por exemplo, comichão. É por isso que o estudo publicado na prestigiada revista Advanced Healthcare Materials revela que o esteviósido (STV), um composto natural extraído da planta estévia, não só melhora drasticamente a absorção do minoxidil, como também pode ser usado para criar um sistema de administração muito mais eficaz.

Um adoçante. A ideia dos cientistas foi utilizar a esteviósida pela sua dupla função. Por um lado, como um potente agente para dissolver o minoxidil (MXD) e, por outro, como o principal material para fabricar um inovador adesivo de microagulhas que pode ser posteriormente utilizado na apresentação do medicamento. Como. O esteviósido é uma molécula anfipática, o que significa que tem uma parte que atrai a água e outra que a repele. Esta propriedade é muito importante para poder criar pequenas esferas chamadas micelas numa solução aquosa, criando um núcleo onde os fármacos pouco solúveis, como o minoxidil, podem alojar-se confortavelmente. Para entender melhor, ele atua como o «veículo» que o minoxidil usa para atravessar a alfândega, que são as nossas membranas biológicas. E os resultados da investigação têm sido bastante bons. O estudo indicou que o esteviosídeo aumentou a solubilidade do minoxidil em até 47 mg/ml, um valor aproximadamente 18 vezes superior ao do minoxidil sozinho.

Microagulhas. Para superar a barreira da pele, os investigadores conceberam um adesivo com microagulhas solúveis feitas da própria mistura de esteviosídeo e minoxidil. Estas microagulhas, invisíveis a olho nu, penetram a camada mais externa da pele de forma indolor e dissolvem-se, libertando o fármaco diretamente na zona onde se encontram os folículos capilares. Isto é muito melhor do que usá-lo topicamente com um spray, onde temos o problema de ele não penetrar.

Aplicando. Desta forma, temos um método de aplicação muito mais preciso e que também evita os efeitos de ter que usar uma microagulha metálica. Em laboratório, verificou-se que se consegue uma libertação de 85% do medicamento e uma retenção na pele de 18% em 24 horas. Estes números superam em muito os resultados obtidos com uma aplicação tópica tradicional com uma solução alcoólica, onde a retenção é de apenas 2%. E esta é a chave para que o fármaco atue no folículo piloso durante mais tempo antes de ser metabolizado.

Testado. Para ver o potencial desta nova aplicação do tratamento, foi realizado um teste com animais em laboratório. Para isso, induziram alopecia em ratos e compararam o tratamento com o adesivo de microagulhas com a solução padrão de minoxidil e um grupo de controlo. Com o passar dos dias, o grupo tratado com o adesivo de esteviósido e minoxidil apresentou um crescimento capilar significativamente maior. Especificamente, após 35 dias de tratamento, a área tratada com o adesivo apresentava uma cobertura de cabelo novo de 67,5%. Em comparação, a solução convencional de minoxidil atingiu apenas 25,7% de cobertura no mesmo período. Mas não fica por aqui, pois também ficou claro que o adesivo foi muito mais eficaz na reativação dos folículos capilares para passar rapidamente para a fase de crescimento.

Um novo caminho. Embora ainda sejam necessários estudos em humanos para confirmar essas descobertas, esta investigação abre um caminho completamente novo para combater a alopecia. Um adoçante natural, seguro e já aprovado para consumo pode ser a chave para desenvolver uma nova geração de tratamentos capilares mais eficazes, confortáveis e com menos efeitos secundários.

Alisia Pereira/ author of the article

Escrevo artigos, partilho ideias simples que tornam a vida mais fácil.

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