Há pessoas que encontram um caminho para a calma e o equilíbrio emocional sem precisar de companhia; segundo especialistas, isso pode refletir autoconhecimento e maturidade afetiva Numa sociedade onde a interação constante parece indispensável, muitas pessoas descobrem que se sentem mais relaxadas e em harmonia quando estão sozinhas. A psicologia analisou esse fenómeno e demonstrou que a solidão, quando escolhida livremente, pode ser uma poderosa aliada do bem-estar mental.
Do ponto de vista psicológico, a solidão não equivale necessariamente a tristeza ou isolamento. Quando escolhida conscientemente, ela se torna um espaço de introspecção, serenidade e desenvolvimento pessoal. Estar sozinho oferece a oportunidade de se conectar com os próprios pensamentos, processar emoções e recuperar energia. Nesses casos, não se trata de sentir-se sozinho, mas de valorizar a tranquilidade da própria companhia, sem pressões ou exigências externas.

Existem várias razões pelas quais alguém pode encontrar paz na solidão:
- Necessidade de introspecção: aqueles que costumam refletir sobre as suas emoções e pensamentos encontram no silêncio um ambiente ideal para fazê-lo.
- Sensibilidade ao ambiente: as pessoas mais suscetíveis aos estímulos sociais podem sentir-se exaustas em grupos numerosos e recorrem à solidão para se equilibrarem.
- Experiências passadas: relações difíceis ou ambientes tóxicos podem fazer com que o isolamento escolhido seja percebido como um espaço seguro.
- Personalidade introvertida: os introvertidos tendem a recarregar a sua energia na solidão e podem sentir-se oprimidos pela convivência prolongada.
Sentir-se mais tranquilo na solidão não implica um problema emocional. O segredo está em distinguir se se trata de:
- Uma decisão consciente que traz serenidade, clareza e bem-estar.
- Uma forma de escapar de medos, feridas emocionais ou dificuldades em se relacionar.
Neste último caso, pode ser conveniente procurar acompanhamento profissional para trabalhar aspetos como a ansiedade ou a insegurança nos relacionamentos. Como tudo na vida, é preciso buscar um equilíbrio para alcançar a harmonia. A arte de equilibrar a solidão e os relacionamentos requer uma ação precisa por parte da pessoa. Os especialistas destacam que a qualidade dos relacionamentos e o tempo pessoal valem mais do que a quantidade de interações. Encontrar uma ponte entre partilhar com os outros e desfrutar de si mesmo é essencial para o equilíbrio emocional.

Sentir-se pleno na solidão pode ser um sinal de crescimento e maturidade emocional, desde que surja de uma escolha livre. Ouvir as próprias necessidades e respeitar os momentos de introspecção fortalece a saúde mental e o bem-estar integral. Aprender a desfrutar da própria companhia também transforma a maneira de se relacionar. Quem se sente completo não busca companhia por carência, mas por desejo. Do ponto de vista da psicologia, isso é um sinal de autonomia emocional: poder estar sozinho sem sentir vazio e compartilhar sem perder a paz interior.
A preocupação a nível mundial
A epidemia de solidão é um fenómeno social e de saúde mental que preocupa cada vez mais a nível mundial. Diversos estudos e organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertaram que a solidão prolongada se tornou atualmente um problema global comparável a uma crise sanitária. Embora sempre tenha existido, nos últimos anos a solidão intensificou-se devido a fatores como o uso excessivo da tecnologia, o isolamento urbano, as mudanças nos modelos familiares e laborais e as sequelas emocionais da pandemia. Hoje, milhões de pessoas, especialmente jovens e idosos, sentem uma profunda desconexão, apesar de viverem numa era hiperconectada.
