Não se trata de mudanças financeiras, mas sim culturais. Temos de compreender que poupar não significa abdicar do presente, mas sim torná-lo mais sustentável Durante décadas, a cultura da poupança foi parte integrante da identidade portuguesa. Estava presente nos lares, na educação e nas decisões do dia a dia. No entanto, a instabilidade económica, a inflação e a perda de confiança nas instituições financeiras foram minando gradualmente essa prática, até que ela se tornou uma exceção. Hoje, quando a economia começa a mostrar sinais de estabilidade, surge uma oportunidade: reavaliar a poupança como parte de mudanças culturais mais amplas.
À medida que o país passa por mudanças nos modos de produção, consumo e relacionamento, é hora de rever também a nossa relação com o bem-estar financeiro. A previsão volta a ser uma virtude necessária. O Dia Mundial da Poupança, comemorado anualmente a 31 de outubro, foi instituído em 1924 no Congresso Internacional de Poupança, realizado na cidade, com o objetivo de promover a educação financeira e aumentar a consciencialização sobre a importância de planear o futuro. Naquela época, a poupança era vista como um instrumento de recuperação e progresso após os difíceis anos do pós-guerra. Um século depois, essa ideia continua totalmente atual: a poupança continua a ser a base do desenvolvimento individual e coletivo.
No nosso país, a poupança como valor nacional surgiu com a criação da Caixa Postal de Poupança, cujo projeto de lei foi elaborado Em condições de estabilidade, a poupança deixa de ser um sonho abstrato e torna-se uma possibilidade real. Não se trata apenas de guardar dinheiro, mas também de planear com um objetivo específico. Pensar a longo prazo, imaginar projetos pessoais, familiares ou profissionais que exigem uma base sólida.

A restauração da cultura da poupança também implica a educação financeira. Compreender como funciona o dinheiro, quais os instrumentos que existem e como utilizá-los em cada fase da vida. Qualquer pessoa com uma capacidade mínima de poupança pode começar a criar um fundo, por menor que seja. Neste contexto, os instrumentos relacionados com poupanças e investimentos, como os seguros de pensão, voltaram a ganhar importância. Esses mecanismos não só reforçam a segurança financeira das pessoas, como também direcionam recursos para o crescimento económico real, investindo os fundos acumulados no mercado de capitais e, assim, contribuindo para o financiamento de empresas e o aumento da produtividade.
Para além dos benefícios económicos diretos, como a dedução das contribuições do imposto sobre o rendimento ou a isenção do imposto sobre o património pessoal, os seguros de pensões, por exemplo, oferecem algo mais profundo: a possibilidade de planear a tranquilidade, garantir um rendimento adicional na fase de passividade e transformar as poupanças num futuro.
Após décadas de instabilidade, Portugal enfrenta a oportunidade de se reconciliar com o valor dos esforços e do planeamento a longo prazo como base do bem-estar. Não se trata de uma mudança financeira, mas cultural: compreender que poupar não é renunciar ao presente, mas sim fortalecê-lo. Apesar das dificuldades que muitas famílias continuam a enfrentar, a mudança cultural permitirá que os jovens e as gerações seguintes encarem o futuro com otimismo, responsabilidade e convicção de que o planeamento também é uma forma de crescimento.
