O que significa andar com o telemóvel na mão, segundo especialistas em psicologia

O telemóvel está tão incorporado na nossa rotina que ninguém questiona por que algumas pessoas não conseguem largá-lo, nem mesmo quando andam. Estamos na era da conectividade e pode-se sentir que, se não tiver o telemóvel na mão, está a perder alguma coisa. Apesar da grande utilidade que representa para se comunicar e realizar tarefas como trabalhar e estudar, o telemóvel torna-se uma grande fonte de ansiedade se o seu uso não for devidamente controlado.

Há casos em que a pessoa não solta o telemóvel nem mesmo para caminhar, seja para ler ou responder a uma mensagem, atender uma chamada ou simplesmente se distrair. Estudos apontam que quem faz isso se desvia 61% da sua trajetória e corre o risco de colidir com algo ou alguém.Saiba maisDeputados aprovaram a emergência na ciência: em que consiste e como está o setor?O que significa tocar no cabelo quando fala, segundo os psicólogos

O significado de andar com o telemóvel na mão, segundo a psicologia

A revista World Psychiatry publicou uma pesquisa chamada “O cérebro online: como a internet pode estar a mudar a nossa cognição”. Nela, foi levantada a questão de que as redes sociais treinam o cérebro e o acostumam a receber pequenas e curtas rajadas de informação. Isso tem consequências diretas na atenção e na concentração sustentada.

Gloria Mark, investigadora da Universidade da Califórnia, explicou numa publicação da Associação Americana de Psicologia que a capacidade média de atenção sustentada passou de 2,5 minutos em 2004 para 47 segundos nos últimos cinco anos. De acordo com um estudo da Universidade de Chicago, dirigido pelo professor Adrian Ward, o apego ao telemóvel tem um impacto direto na forma de andar. Ele explica que, quando se fala ao telefone enquanto se caminha, a velocidade é reduzida em 13% e se desvia da trajetória em 61%.

Isso pode causar acidentes, pois a atenção é totalmente roubada pelo dispositivo enquanto caminhamos em um espaço aberto: podemos colidir com algo ou alguém, cair ou, simplesmente, devido à insegurança de cada bairro, podem roubar o telemóvel. A psicologia afirma que certos fenómenos como o FOMO e a nomofobia entram em cena e são parte fundamental desse comportamento. O medo de ficar de fora ou perder algo provoca ansiedade e pode estar ligado a ambientes sociais, profissionais ou académicos. O que esses estudos nos ensinam é que esse comportamento está ligado ao uso excessivo do telemóvel, algo que pode levar a distúrbios de ansiedade preocupantes ou a fenómenos de outra magnitude, como acidentes nas vias públicas. Ter um uso controlado do telemóvel e ter horas de descanso é essencial para não cair nessas dinâmicas e manter uma vida tecnológica responsável.

Alisia Pereira/ author of the article

Escrevo artigos, partilho ideias simples que tornam a vida mais fácil.

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