As escavações realizadas por uma equipa de arqueólogos do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas em 2020 revelaram um tesouro que poucos imaginavam e que dá pistas sobre como era a vida dos romanos na antiga Gália. Foram resgatados numerosos restos de madeira, entre os quais solas de sapatos e tábuas manuscritas, o que confirma a existência de um bairro artesanal e de habitações.
Os arqueólogos trabalharam na atual localidade francesa de Izernore (Ain), onde antigamente ficava Isarnodurum. Eles se concentraram nos numerosos poços que ainda restam, onde foi necessária a intervenção da Unidade de Intervenção em Estruturas Arqueológicas Profundas do Inrap.
Entre água, lama e galhos, os especialistas do Inrap conseguiram identificar numerosos elementos de madeira, que fornecem informações valiosas por si só: desde a vida da árvore até a gestão do seu abate, desde as suas sucessivas transformações até o uso dos objetos, desde a análise do seu desgaste até os motivos do seu enterramento ou conservação.

Na opinião dos investigadores, os elementos de madeira destes poços testemunham um artesanato local profissional, principalmente ligado à produção de objetos de buxo, sem excluir outras espécies de madeira como o freixo ou o bordo. Concretamente, foram encontrados recortes descartados, retalhos de torneamento ou peças brutas, em muitos casos para a fabricação de pentes, pelos quais a região era famosa antes da chegada do plástico
Tábuas e sapatos de madeira
Além disso, foi descoberta uma coleção de pelo menos quinze tábuas de escrita muito fragmentadas dentro dos poços. Elas tinham diferentes utilidades, segundo informa o instituto: desde cadernos escolares a documentos oficiais e registos contabilísticos.
Todas estas descobertas «excecionais» farão parte da exposição Pozo del conocimiento, 240 anos de escavações em Izernore, que estará disponível de 21 de setembro de 2025 a 31 de dezembro de 2026 no Museu Arqueológico de Izernore e Inrap.
