Em vários fragmentos de rocha antiga crescem cristais que parecem violar as leis fundamentais da física. Esses minerais, que permaneceram por bilhões de anos em meteoritos vagando pelo espaço, estão a rever o que a ciência considerava conhecido sobre a matéria e a formação dos planetas. Um estudo publicado pela Discover Wild Science documenta a descoberta de estruturas cristalinas que são impossíveis de reproduzir na Terra. Essas configurações atómicas, formadas sob pressões e temperaturas extremas, expandem os limites da física e podem impulsionar a criação de uma nova geração de materiais tecnológicos capazes de suportar condições extremas.
Minerais espaciais híbridos com propriedades térmicas únicas
Uma das descobertas mais impressionantes foi feita durante a análise de um meteorito que caiu em 1724, onde os investigadores descobriram um material híbrido que funciona simultaneamente como cristal e vidro. Este mineral mantém uma condutividade térmica constante, independentemente da temperatura, o que é um fenómeno sem precedentes na natureza. De acordo com especialistas citados pela Discover Wild Science, um material com tais propriedades pode revolucionar o design de componentes eletrónicos e sistemas de controlo de calor em ambientes espaciais ou industriais. Este fenómeno também foi descoberto em amostras obtidas de Marte, o que sugere que tais estruturas não são exceções locais, mas fazem parte de um processo físico universal que ainda é pouco estudado.

Quasicristais espaciais e o legado do meteorito de Chelyabinsk
Os meteoritos continuam a dar pistas sobre o passado espacial. Após a queda do meteorito de Chelyabinsk na Rússia em 2013, os cientistas descobriram partículas minúsculas com estruturas atómicas nunca antes vistas. Essas formações, que surgiram sob a influência de pressão extrema durante a explosão, são consideradas as primeiras do tipo encontradas na natureza. Da mesma forma, os chamados quasicristais (minerais com estrutura atómica que não se repete periodicamente) surpreenderam a comunidade científica. A primeira amostra natural foi descoberta numa rocha do espaço, encontrada numa região remota no leste da Rússia. De acordo com o estudo, esse quase-cristal pode ter se formado há cerca de 4,5 bilhões de anos, tornando-se um dos materiais mais antigos do Sistema Solar.
Novos minerais extraterrestres descobertos no meteorito El Ali
Entre as últimas descobertas está o meteorito El Ali, encontrado na Somália. Dentro dele, os investigadores descobriram dois minerais até então desconhecidos: elaliite e elkinsantonite, batizados em homenagem ao próprio meteorito e à cientista Lindy Elkins-Tanton, da Universidade do Estado do Arizona. A existência destes compostos confirma que os asteróides possuem uma diversidade química muito maior do que se pensava anteriormente.
A origem da água e as chaves escondidas nos cristais espaciais
A análise dos meteoritos também permitiu concluir que havia água nas fases iniciais do desenvolvimento do Sistema Solar. De acordo com o estudo, a atividade do oxigénio nas rochas iniciais era 10 000 vezes maior do que se supunha, o que permite supor que a água poderia estar presente antes mesmo da formação da Terra. Essas descobertas colocam em dúvida os limites da física terrestre. De acordo com os investigadores citados pela Discover Wild Science, os cristais que crescem dentro dos meteoritos podem ser «mensageiros do tempo», testemunhas do nascimento do Sistema Solar.
