O metal precioso bate um novo recorde ao atingir os 3.824 dólares. As reservas de ouro dos Estados Unidos ultrapassaram pela primeira vez o bilião de dólares graças à valorização do metal precioso, que neste ano avançou 45%. Uma valorização 90 vezes superior à que consta no balanço do governo norte-americano.
Os EUA avaliam as suas reservas de ouro em 42,22 dólares por onça desde 1973, o equivalente a pouco mais de 11 mil milhões de dólares. Uma atualização dessa avaliação aos preços atuais, que a Casa Branca descartou, permitiria ao Tesouro norte-americano aumentar fortemente o seu balanço.
A onça de ouro bateu um novo recorde na segunda-feira, ultrapassando os 3.824 dólares, e vem acumulando recordes este ano devido ao aumento das tensões geopolíticas e comerciais, às crescentes dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida americana, ao papel do dólar como ativo de refúgio e à mudança de rumo na política monetária do Federal Reserve. Tudo isso resultou em fortes entradas de fundos cotados (ETF) no metal precioso, somadas às compras que os bancos centrais vêm realizando nos últimos anos.
Os fundos cotados que investem em ouro acumulam já quatro semanas consecutivas de fortes entradas. De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, as entradas em setembro estão próximas das 100 toneladas, o maior valor desde abril. Os especialistas do ING apontam que as participações totais dos ETF em ouro já ultrapassaram os 96,2 milhões de onças, o seu nível mais alto desde outubro de 2022.
James Luke, gestor de fundos de matérias-primas da Schroders, destaca ainda o papel que os bancos centrais continuarão a ter na evolução do ouro: «Continuamos a esperar que os bancos centrais emergentes, as famílias chinesas e do Médio Oriente e os investidores institucionais continuem a fazer crescer a procura. Destes intervenientes, apenas os primeiros participaram massivamente, e mesmo eles ainda têm caminho a percorrer», comenta.
A incerteza sobre o possível encerramento federal dos EUA, que poderá ocorrer à meia-noite de terça-feira se o Congresso não conseguir aprovar as leis de despesas necessárias para manter as agências federais em funcionamento, está por trás da subida do ouro nesta segunda-feira. Uma escalada à qual também se juntou a prata, em máximos dos últimos 14 anos, face à procura de ativos refúgios do setor.
No mercado, os analistas não descartam que o ouro atinja os 4.000 dólares por onça. Entre eles estão os especialistas do Bank of America e do Deutsche Bank, que consideram que continua a ter potencial de subida.