Reforma trabalhista: o que é o «banco de horas» e como ele é aplicado em outros países

O governo está promovendo a inclusão do «banco de horas» na reforma trabalhista. Essa medida permitirá compensar as horas extras com descanso, e esse modelo já está em vigor na Europa. O governo confirmou que convocará reuniões extraordinárias para discutir a reforma trabalhista, e uma das questões mais debatidas é a criação do chamado «banco de horas». Trata-se de um mecanismo que visa proporcionar maior flexibilidade na organização do trabalho, permitindo compensar as horas extras com dias de folga em vez de pagá-las.

O que propõe o «banco de horas», um dos pontos da reforma laboral

O sistema consiste na acumulação de horas extras trabalhadas numa espécie de «conta pessoal» do trabalhador. Quando a atividade da empresa diminui, esse tempo pode ser usado para tirar dias de folga ou reduzir a jornada de trabalho sem prejuízo para o salário. Saiba mais Mara Bettiole: «Os processos judiciais laborais afetam indiretamente os custos do empregador» Caamano:

«A reforma laboral já não é um tabu, há mais pessoas fora do mercado de trabalho formal do que dentro dele» O governo pretende incluir esta figura na reforma laboral, que será discutida em sessões extraordinárias. Por exemplo, se uma pessoa trabalhar dez horas a mais do que o habitual durante a semana, essas horas são acumuladas e podem ser posteriormente convertidas em tempo livre.

No entanto, este esquema não substitui o pagamento de horas extras: o artigo 201 da Lei do Contrato de Trabalho (LCT) continuará a garantir acréscimos de 50 % para dias normais e 100 % para fins de semana e feriados.

O que propõe a reforma da legislação laboral, iniciada por Romina

Durante o último colóquio da IDEA, o ministro do Trabalho, Julio Cordero, mencionou que o «banco de horas» pode ser incluído na «jornada laboral flexível», adaptada às necessidades produtivas de cada setor. Esta proposta está contida no projeto apresentado pela deputada Romina Diez, que introduz o artigo 197 bis na Lei do Contrato de Trabalho. Este artigo permitirá que os acordos coletivos introduzam bancos de horas ou regimes flexíveis, respeitando sempre o descanso mínimo de 12 horas entre os dias úteis e sem alterar o limite máximo de 48 horas por semana.

Romina Díez, deputada do Parlamento Nacional por Santa Fé, apresentou um projeto que altera aspectos fundamentais da Lei do Contrato de Trabalho. O texto do projeto afirma que os acordos podem «estabelecer regimes adaptados às mudanças nos métodos de produção», permitindo o uso coletivo de mecanismos como horas extras, bancos de horas ou folgas compensatórias.

A Grécia é o exemplo mais recente de reforma da legislação laboral

Um dos modelos mais notáveis é o da Grécia, que adotou recentemente este sistema. Lá, é permitido prolongar a jornada de trabalho de oito para um máximo de treze horas, com certas restrições. As empresas podem acumular até cinco horas de horas extras por dia, três vezes por semana e durante um máximo de 37 dias por ano. Em vez de pagar essas horas extras, os trabalhadores compensam-nas com dias de trabalho mais curtos ou dias de folga noutra altura. Esta medida visa satisfazer os picos de carga de trabalho, embora os sindicatos alertem para o risco de violação das restrições ao tempo de trabalho na ausência de um controlo rigoroso.

Como o «banco de horas» é aplicado no mundo

Este sistema não é novo e já funciona em vários países:

  • Brasil: permite compensar as horas extraordinárias com descanso durante um período de até seis meses ou um ano, por acordo coletivo.
  • Chile: permite acordos individuais ou coletivos sobre a distribuição do tempo de trabalho, especialmente após a reforma da semana de trabalho de 40 horas.
  • México: permite ajustes por meio de acordos entre empregadores e trabalhadores dentro de esquemas flexíveis.
  • Espanha: os acordos coletivos podem estabelecer bancos de horas compensáveis durante quatro meses.
  • França: possui o «compte épargne-temps», uma conta poupança para acumular horas ou convertê-las em dinheiro.
  • Alemanha: utiliza o «Arbeitszeitkonto», que permite acumular e compensar horas por meio de acordos coletivos.
  • Canadá e Austrália: aplicam o «time banking» ou «time-off in lieu», onde as horas extraordinárias são convertidas em tempo livre.
  • Países escandinavos: Dinamarca, Noruega e Suécia implementam sistemas de horário de trabalho flexível que facilitam a conciliação da vida pessoal e familiar.

O «banco de horas» é um dos elementos mais controversos da reforma laboral. Enquanto o governo o apresenta como um instrumento de modernização e aumento da eficiência, os sindicatos alertam que a sua implementação sem controlo pode perturbar o equilíbrio entre a flexibilidade e os direitos adquiridos.

Alisia Pereira/ author of the article

Escrevo artigos, partilho ideias simples que tornam a vida mais fácil.

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