Arquiteto: «O ar na sua casa será mais limpo se não pintar as paredes com tintas à base de solventes».

A qualidade do ar interior depende mais de si do que pensa. Por exemplo, ao escolher a tinta para pintar as paredes, pode contribuir para a libertação de substâncias tóxicas no ar que respira durante várias semanas. O arquiteto Juan Bidart explica quais tintas são seguras para a saúde. Muitas vezes associamos a sensação de uma casa limpa e renovada ao cheiro de tinta fresca. No entanto, esse aroma característico não é inofensivo. Por trás desse «cheiro de novidade» escondem-se substâncias químicas que podem permanecer no ar por muito tempo.

O arquiteto Juan Bidart, especializado em arquitetura residencial com foco na saúde humana, alerta para a importância de levar isso em consideração ao pintar a casa. A escolha das tintas adequadas pode afetar significativamente a qualidade do ar que respiramos em casa. Podemos colocar plantas que ajudam a purificar o ar ou comprar um aparelho para medir a presença de partículas na casa, para arejá-la quando necessário, mas também podemos estar atentos aos materiais que usamos para decorar a nossa casa. Tecidos e móveis são mais fáceis de substituir, mas a tinta nas paredes geralmente permanece nelas por muitos anos.

O problema reside nas tintas sintéticas

As tintas sintéticas, normalmente utilizadas em interiores, são fabricadas a partir de derivados de petróleo, metais pesados e compostos orgânicos voláteis , tais como xileno, tolueno ou formaldeído. Esses elementos evaporam lentamente à temperatura ambiente, impregnando o ar que respiramos todos os dias e contribuindo para a exposição contínua a poluentes domésticos, explica Bidart.

A pele da casa também deve respirar

Tal como a pele humana, as paredes da casa devem «respirar». Quando são revestidas com tintas sintéticas, forma-se uma película de barreira hermética que impede a circulação natural do vapor de água. Com o tempo, isso contribui para a acumulação de humidade, o aparecimento de bolor nas paredes e o crescimento de bactérias no interior das paredes. Uma parede que não «respira» adequadamente leva a um desequilíbrio da humidade no ambiente, o que pode resultar em um ar mais denso, menos saudável e um ambiente menos agradável.

Uma mudança simples: escolher tintas à base de água

Não é necessária uma remodelação completa para melhorar a qualidade do ar em casa. Segundo o arquiteto, o primeiro passo simples e eficaz é substituir as tintas à base de solventes por alternativas à base de água. Estas últimas reduzem significativamente as emissões de COV e, por conseguinte, são mais seguras para a saúde e o ambiente. As tintas à base de água são compostas por resinas naturais ou sintéticas dissolvidas em água, o que elimina a necessidade de utilizar solventes químicos. Além disso, o seu odor é muito menos intenso, secam rapidamente e facilitam a limpeza dos utensílios. Esta é uma opção mais segura para interiores, especialmente para espaços onde vivem crianças, idosos ou pessoas com alergias ou sensibilidade química.

Tintas naturais: equilíbrio entre estética e saúde

Se quiser dar mais um passo e escolher as melhores tintas para a sua casa e para o ambiente, então as tintas totalmente naturais são a escolha certa para si. Bidart lembra que as civilizações antigas já sabiam da importância de as paredes poderem «respirar». Os nossos antepassados usavam materiais como cal, argila, caseína ou pigmentos minerais naturais para dar cor e proteger as suas casas.

Esses revestimentos não eram apenas esteticamente atraentes, mas também ajudavam a regular a humidade, estabilizar a temperatura e evitar a formação de condensação no ambiente. Hoje, essas fórmulas tradicionais estão de volta, adaptadas às necessidades modernas. Existem opções de tintas à base de cal, amido ou argila que proporcionam resultados duradouros e saudáveis. Este tipo de acabamento permite manter o equilíbrio natural do ambiente, reduz a acumulação de bolor e evita a libertação de substâncias tóxicas.

Mas se as paredes já foram pintadas…

As tintas de argila com minerais são as melhores, mas não poderá aproveitar todas as suas qualidades se as paredes tiverem sido pintadas anteriormente com tintas sintéticas, pois estas não permitem que o material por baixo respire. Avalie se vale a pena remover toda a tinta antiga. Um arquiteto ou designer de interiores com sensibilidade ecológica pode ajudá-lo a tomar a melhor decisão.

Chaves para uma casa mais saudável

Para reduzir a exposição aos poluentes contidos na tinta, tenha em conta algumas recomendações básicas antes e depois da pintura:

  • Ventile bem o ambiente durante a aplicação da tinta e nos dias seguintes. Evite pintar em ambientes fechados ou com pouca ventilação.
  • Escolha tintas com a marcação «baixo teor de COV» ou «ecológicas».
  • Limpe regularmente as paredes e tetos para evitar a acumulação de poeira ou detritos. Isso reduz o risco de condensação e propagação de mofo.

Mudar a cor da tinta pode ser não só uma melhoria estética, mas também uma medida de bem-estar.

Alisia Pereira/ author of the article

Escrevo artigos, partilho ideias simples que tornam a vida mais fácil.

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