No norte da Argentina, investigadores do INTA promovem uma gestão que integra genética, ambiente e saúde para reduzir perdas e melhorar a produtividade pecuária Nas zonas tropicais e subtropicais do país, onde o calor e a humidade são constantes, existe um inimigo quase invisível que limita a produção pecuária: a carraça bovina. Este pequeno parasita pode afetar a saúde dos animais, diminuir o seu peso e até desvalorizar o couro, gerando perdas económicas consideráveis.
«É uma das principais restrições à produtividade nas regiões quentes do mundo», explicou Victoria Rossner, investigadora do INTA Colonia Benítez (Chaco), que trabalha há anos na busca de soluções sustentáveis para o controlo desta parasitose. Esta proposta, conhecida como controlo integrado, visa reduzir a dependência exclusiva de tratamentos químicos e evitar que a carraça desenvolva resistência.
Três frentes para um mesmo objetivo
A abordagem promovida pelo INTA não se baseia num único método, mas numa combinação equilibrada de estratégias que envolvem a gestão sanitária, ambiental e genética. Esta proposta, conhecida como controlo integrado, visa reduzir a dependência exclusiva de tratamentos químicos e evitar que a carraça desenvolva resistência. Os ensaios realizados pela equipa do Chaco mostraram resultados concretos: os animais jovens que receberam este manejo conseguiram ganhar entre 18 e 42 quilos adicionais por ano. Essa diferença, que parece pequena, representa um salto importante para a rentabilidade dos estabelecimentos do norte. «Aplicar mais de uma técnica ao mesmo tempo, e que pelo menos uma não seja química, é o que faz a diferença», destacou Rossner.

A receita do controlo integrado
O método combina três ferramentas principais. A primeira é o uso estratégico de acaricidas, aplicados apenas em momentos-chave do ciclo do parasita. A segunda consiste em rodar e descansar os pastos, uma prática que interrompe o ciclo das larvas no ambiente. E a terceira aposta na incorporação de biótipos bovinos naturalmente resistentes, capazes de limitar as infestações sem a necessidade de tantos tratamentos. “O controlo estratégico faz parte de um programa de médio e longo prazo”, explicou Rossner. “O objetivo é concentrar poucos tratamentos em épocas específicas, como no final do inverno, para obter um efeito duradouro”.
Quando o clima também desempenha o seu papel
O comportamento da carraça está intimamente ligado ao clima. Pequenas mudanças de temperatura ou humidade podem alterar o desenvolvimento do parasita e o aparecimento de outras doenças transmitidas por vetores. «A mínima variação do clima pode modificar a distribuição e a incidência de inúmeras patologias, na sua maioria infecciosas», alertou Rossner. Além disso, as mudanças no uso do solo e nas condições ambientais contribuem para criar cenários mais propícios à sua expansão, o que torna indispensável uma abordagem integral.
Profissionais, a chave do sucesso
O INTA insiste que o manejo integrado requer assessoria técnica e acompanhamento profissional. “Os produtores devem se atualizar e consultar veterinários com conhecimento tecnológico para orientá-los no manejo integrado”, recomendou a investigadora. Com essa visão, o órgão busca que a pecuária do norte ganhe competitividade sem descuidar da saúde animal nem do equilíbrio ambiental.
