O ouro está em máximos históricos. A onça está a ser negociada acima de US$ 3.800, após uma valorização de 46% em 2025. E os especialistas consideram que qualquer correção seria motivo para se posicionar no metal precioso. «Estamos inclinados a pensar que a subida atual tem percurso», explica Claudio Wewel, estratega cambial da J. Safra Sarasin Sustainable AM. Por seu lado, os analistas da Goldman Sachs veem a onça a atingir os 5000 dólares, embora apenas num cenário muito adverso. No seu cenário base, situam-na nos 4000 dólares em meados de 2026.
O metal dourado ganhou força como ativo de refúgio num 2025 repleto de incertezas. Fê-lo, além disso, porque o outro refúgio de referência, o dólar, não funcionou como tal: o bilhete verde registou uma queda de 12% este ano. Ao mesmo tempo, a fraqueza do dólar barateia a compra de ouro. É possível investir em ouro através de fundos cotados que replicam o preço do metal, e também através de veículos que refletem o comportamento na bolsa das empresas que extraem, processam ou vendem ouro. Neste artigo, vamos nos concentrar nos primeiros, que se limitam a imitar a cotação da matéria, sem serem afetados por outras questões
A maioria desses produtos é respaldada por ouro físico (daí incluírem o termo Physical em sua denominação), guardado em cofres de bancos internacionais. Trata-se de ETC , que são os ETF (Exchange Traded Funds) das matérias-primas. Quem os adquire não possui ouro físico nas suas mãos, mas o seu investimento irá variar da mesma forma que a cotação do metal. O WisdomTree Core Physical Gold valorizou 45% no que vai do ano, totalmente em linha com a subida que o ouro está a experimentar, uma vez que este produto está em dólares, a moeda em que o metal precioso é cotado. É garantido por ouro físico. A comissão máxima de gestão é de 0,25% ao ano.
Não se pode esquecer que esses 45% são a subida do ETC em dólares, mas que quando o investidor desfizer a sua participação e a converter em euros, essa rentabilidade será afetada pela queda do dólar face ao euro. Daí que todos os ETC mencionados neste artigo que estão em dólares subam, aparentemente, mais do que os que já estão em euros. «O ideal é comprar produtos em euros, para evitar o risco cambial», adverte Fernando Luque, editor sénior da Morningstar. Embora, ao mesmo tempo, investir noutra moeda possa representar oportunidades de valorização; é decisão do investidor assumir esse risco. A versão em euros do WisdomTree Core Physical Gold registou cerca de 31% este ano. Fernando Luque explica também que o ideal é que estes produtos sejam suportados por ouro físico, em vez de serem réplicas sintéticas. Os fundos cotados de réplica sintética imitam o comportamento do preço do ouro através de derivados, normalmente contratos de futuros ou swaps.
O Xtrackers IE Physical Gold ETC, produto em dólares e lastreado em ouro físico, sobe 44% em 2025. A comissão máxima de gestão é de 0,11%. Xtrackers é a marca de fundos cotados da DWS, gestora independente integrada ao grupo Deutsche Bank. O WisdomTree Physical Swiss Gold ETC, em dólares, dispara 41%. O custo de gestão é de 0,50%. A WisdomTree é uma gestora global especializada na criação e administração de fundos cotados, com sede em Nova Iorque. O Xtrackers Physical Gold EUR Hedged ETC tem a moeda coberta, o que «permite aos investidores em euros obter exposição ao ouro subjacente, minimizando o impacto do risco cambial euro/dólar», conforme explicado no documento legal do produto. Subiu pouco mais de 33% no ano.
Rendimentos idênticos, próximos dos 31% – com dados a 1 de outubro – são oferecidos por produtos em euros, como o iShares Physical Gold ETC, o Xetra-Gold , o Invesco Physical Gold ETC e o Amundi Physical Gold ETC C , todos com uma comissão máxima de gestão de 0,12%, de acordo com a Morningstar. Praticamente igual está o Gold Bullion Securities, da WisdomTree, que sobe pouco mais de 30% no ano; a comissão máxima de gestão é de 0,40%.
Para quem prefere posicionar-se em empresas mineiras, uma opção possível através do ETF é o VanEck Gold Miners ETF, que disparou 100% no que vai do ano. Na sua carteira tem empresas como a Agnico Eagle Mines, a Newmont, a Barrick Mining ou a Gold Fields.
Não se pode esquecer que os ETF e ETC não têm a vantagem do diferimento fiscal que os fundos de investimento oferecem, mas os fundos raramente possuem ouro físico diretamente; costumam investir em ETC ou em mineradoras. Para quem deseja investir em empresas mineiras, a vantagem de optar por fundos e não por ETF é que a transferência entre diferentes fundos está isenta de tributação, o que permite mover o dinheiro de um fundo para outro sem ter que pagar impostos, independentemente de ter obtido lucros ou perdas. Só se paga impostos quando se vende o fundo e se reembolsa o investimento. Em contrapartida, os ETF e ETC oferecem outra vantagem nada desprezível: os seus custos ajustados.